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sábado, 25 de abril de 2015

Ordem e controle na arcaica cultura brasileira

Ordem e Progresso

NA RECEITA geral dos políticos brasileiros, o positivismo é um ingrediente deviante, que maturou na qualificação perversa da nossa sociedade. é um interessante estudo do Prof. Sêga.  
Mais do que um simples lema na bandeira, as idéias positivistas de Augusto-Comte impregnaram a nascente República brasileira.
por Rafael Augusto Sêga



Benjamin Constant Botelho de Magalhães (1836-1891) como ministro da Instrução Pública reformulou todo o ensino brasileiro de acordo com as idéias de Augusto-Comte.
Descrição: http://www2.uol.com.br/historiaviva/img/px_branco.gif
  A verdade, meu amor, mora num poço, / É Pilatos, lá na Bíblia quem nos diz, / E também faleceu por ter pescoço, / O (infeliz) autor da guilhotina de Paris. / Vai, orgulhosa, querida, / Mas aceita esta lição: / No câmbio incerto da vida, / A libra sempre é o coração, / O amor vem por princípio, a ordem por base, / O progresso é que deve vir por fim, / Desprezaste esta lei de Augusto Comte, / E foste ser feliz longe de mim.






Este trecho do conhecido samba de Noel Rosa e Orestes Barbosa, Positivismo, de 1933, demonstra a presença da filosofia positivista no meio cultural mais popular do Brasil, a música, ao retratar uma amada que transgrediu o fundamento básico de tal filosofia. Não obstante, essa corrente de pensamento também se faz presente no dístico de nosso maior símbolo pátrio, a bandeira: Ordem e Progresso. É curioso, mas a tentativa mais efetiva de colocar em prática a doutrina positivista, uma ideologia tipicamente francesa, foi realizada em um país latino-americano: o Brasil.

Como isso aconteceu?
A pergunta exige o conhecimento de certos aspectos das origens e dos fundamentos do pensamento positivista ainda na França no século XIX, para mostrar sua chegada e ascendência sobre o pensamento brasileiro dentro do contexto histórico e cultural da época.

O avanço científico europeu do início do século XIX, decorrente da Primeira Revolução Industrial, fez com que o homem acreditasse em seu completo domínio da natureza. O positivismo surgiu nessa época como uma corrente de pensamento que apregoava o predomínio da ciência e do método empírico sobre os devaneios metafísicos da religião.
Nesse sentido, o movimento intelectual erigido por Isidore-Auguste-Marie-François-Xavier Comte, ou simplesmente Auguste Comte (1798-1857), defendia que todo saber do mundo físico advinha de fenômenos "positivos" (reais) da experiência, e eles seriam os únicos objetivos de investigação do conhecimento.

Comte sustentava a existência de um campo de ação, no qual as idéias se relacionavam de forma lógica e matemática e, por fim, toda investigação transcendental ou metafísica que não pudesse ser comprovada na experiência deveria ser desconsiderada.

As raízes do positivismo são atribuídas ao empirismo absoluto de David Hume (1711-1776), que concebia apenas a experiência como matéria do conhecimento e também a Ilustração, ou Iluminismo, que apregoava a razão como base do progresso da história humana.

Dessa forma, o positivismo é fruto da consolidação econômica da revolução pela burguesia, expressa nas Revoluções Inglesa do século XVIII e Francesa de 1789. As ciências empíricas passaram a tomar frente às especulações filosóficas meramente idealistas e Comte buscou a síntese do conhecimento positivo da primeira metade do século XIX, especialmente da física, da química e da biologia.
Seu objetivo era a formulação de uma "física" social (a "sociologia") que reformulasse o quadro social instável decorrente das novas relações de trabalho do capitalismo industrial.

Na primeira fase de seus trabalhos, Comte teve como mentor o teórico do socialismo utópico, o conde de Saint-Simon (Claude-Henri de Rouvroy, 1760-1825). Em sua obra Curso de filosofia positiva (1830-1842), Comte expõe a base de sua doutrina cujos alicerces teóricos estão assentados na norma de três estados do desenvolvimento humano e do conhecimento, o teológico, o metafísico e o positivo.


Na fase teológica o ser humano entende o mundo a partir dos fenômenos da Natureza dando a eles caráter divino. Essa fase encerra-se no monoteísmo. Na fase metafísica, a interpretação do mundo é calcada em conceitos abstratos, idéias e princípios.

Por fim, na fase positiva o ser humano limita-se a expor os fenômenos e a fixar as relações constantes de semelhança e sucessão entre eles. Nessa fase, as causas e as essências dos fenômenos são deixadas de lado para se evidenciarem as leis imutáveis que nos regem, pois o conhecimento destina-se a organizar e não a descobrir.

O fim da filosofia é a organização das ciências, hierarquizadas, segundo Comte, em seis. Na base dessa pirâmide está a matemática, seguida da astronomia, física, química, biologia e sociologia. Em outra obra sua, Discurso sobre o conjunto do Positivismo (1848), Comte parte das feições reais do termo "positivo" para atingir uma significação moral e social maior, a fim de reorganizar a sociedade, com a supremacia do amor e da sensibilidade sobre o racionalismo.
O apogeu dessa tese é a religião da humanidade. A filosofia positiva passa, então, a preconizar também uma teoria de reforma da sociedade e uma religião. A unidade do conhecimento positivo passa a ser coletiva em busca da fraternidade universal e da convivência em comum. A junção entre teoria e experiência é baseada no conhecimento das ações repetitivas dos fenômenos e sua previsibilidade científica.

Assim, é possível o aprimoramento tecnológico. O estágio positivo corresponde à atividade fabril e à transformação da natureza em mercadorias. Se entendermos a ciência como a investigação da realidade física, o positivo é o objeto e o resultado dessa investigação. Dessa forma, a sociedade também é passível dessa análise e a fase positiva será caracterizada pela passagem do poder político para os sábios.

Fragmentação do pensamento
A segunda fase dos trabalhos de Comte é representada em sua obra Sistema de política positiva (1851, 1854), que preconiza a "religião da humanidade", cuja liturgia é baseada no catolicismo romano, estabelecida em O catecismo positivista (1852).

Destarte, a doutrina positivista adquire feição religiosa com credo na ciência. Essa divisão do pensamento comteano também separou seus seguidores em duas correntes: os ortodoxos, que seguiram Comte em seu período religioso; e os heterodoxos, que se conservaram perseverantes ao período científico e filosófico do positivismo.
CONTINUA...

domingo, 5 de abril de 2015

Brasil e seu trágico apartheid

BRASIL: UM ESTADO NACIONAL E SEU EXERCITO LIVRE PARA MATAR
Seletivamente, apenas negros e pobres. Na América do Sul, quintal dos EUA.




http://angorussia.com/comunidade/estudantes-angolanos-espancados-por-policiais-no-brasil-apos-reagirem-a-provocacoes-racistas/ 

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Paulo Souza REVOLTANTE. Lembro meu querido amigo Mosses, nigeriano que estudou comigo na UFMG em Belo Horizonte. Viera estudar no Brasil porque lhes disseram que aqui não havia racismo. Todos os meus dezenas de colegas africanos, apesar de ricos eram duramente discriminados por professores, colegas e outros. Como negro, único brasileiro entre eles na universidade - porque por aqui até a educação é elemento de segregação, fazia o que podia para amenizar a estadia deles. A ONU e a comunidade internacional precisa se posicionar quanto a crueldade do APARTHEID BRASILEIRO, que localmente chamamos de RACISMO AMBIENTAL. HA espaços que sabemos não serem possível transitar. E a universidade é um desses espaços. O estado brasileiro é racista, segregador. Usa sua policia despreparada , covarde e racista para agredir e matar os não brancos. Ainda bem que não mataram nenhum deles. Estão vivos. A guerra entre não brancos e brancos é fomentada diariamente pela mídia, pelas igrejas protestantes, pelas milícias das favelas. É uma situação que os números da violência do estado indicaram claramente o caminho do enfrentamento quando cansarmos de ver nossos filhos mortos pela policia brasileira - são 58 mil assassinatos por ano. Tecnicamente estamos enfrentando já esta guerra. LAMENTO PROFUNDAMENTE O OCORRIDO com meus irmãos africanos. Isto tem que parar um dia.
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Muito covarde esta postagem. É fechar os olhos para a barbárie que o Brasil vive. O estado brasileiro mata crianças. Isto sim, é preocupante. Agora o maior agravante é que são sempre e sempre crianças negras e pobres. Uma vergonha para quem tentou mostrar um outro lado, como uma justificativa para o injustificável. Fake. Mal.

Desculpe não quero ofender, tem liberdade de opinião, preservemos. Mas precisa ter responsabilidade. Então os meios justificam os fins? Matar, matar sempre? Não tem filhos? Vejo que você não é tão branco, a ponto de estar acima de qualquer suspeita. Deveriam se preocupar com a possibilidade de amanha ser um dos seus, a vitima. Não é matando, é perdoando que alcançamos a redenção. O Brasil precisa mudar, precisamos mudar esta cultura de morte. Acompanho suas postagens e percebo que você não é do mal, é uma pessoa boa externando uma opinião, apenas isto. Mas devemos ter cuidado com nossas opiniões quando podemos influenciar os outros negativamente. a morte de uma criança por forças policiais devem ser sempre e sempre condenáveis. Não estamos sozinhos

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ESTES são os textos que escrevi no face hoje. São reflexos. De uma longa historia de vida que teimo em esquecer. E que nem posso esquecer, porque esta historia trago na pele negra que tenho. Herança da diáspora africana. Apesar dos avós europeus.

Uma noite, sai com meu irmão para jogar futebol num bairro novo, onde não era nosso costume ir. Há uns 40 anos. Este meu querido irmão morreu há  32 anos. O apartheid brasileiro o matou. Saímos, não fui a aula e fomos para a quadra. Lá jogamos uma partida ruim e voltamos. Meu querido  irmão, um negro jovial, forte e disposto, começara a ter problemas na rua. Era muito tímido, inteligente. Assim, quase correndo para voltar a parada do ônibus, ele ficou para trás. Eu estava adiantado uns dois quarteirões.  Senti um aperto no peito e olhei para trás. Naquela rua deserta, num bairro deserto, eram umas 22 horas apenas, deparo com a pior das cenas. Um carro de policia saído do nada enquadrava meu irmão. Ele. Com sua mochila de jogador de futebol as costas e um cacho de mamonas nas mãos. Avistara a mamona num lote vago e parara para tirar algumas pelotas e brincar. Um policial negro lhe apontava uma arma. Não pensei, não deu tempo. Me atirei correndo em direção a assustadora cena e agarrei meu querido irmão. O abracei totalmente e tremia, eu estava com muito medo e raiva.  O abracei e o tirei de cena. “É meu irmão, ninguém toca nele. O que fazem aqui, eu, nada, jogamos bola. Eu trabalho num banco.” E sai, agarrado ao meu irmão, morreria por ele, não tenho duvidas. Ficamos calados muito tempo. Sabíamos da natureza da abordagem policial e tínhamos vergonha naquele tempo. Não tínhamos a compreensão de hoje, tão clara, brutal, desumana. Havíamos invadido território proibido. Nas cidades brasileiras, todas elas, há espaços não permitidos para os de cor. Lojas, empreendimentos, igrejas, comercio, indústria, serviços. Não há garçons negros no Brasil. Pessoas saem de restaurantes quando chegam negros. A televisão brasileira é branca, pálida como na Europa. Não mostram negros. Pela televisão temos a impressão que há mais negros nos EUA do que aqui, no Brasil.



Apesar de sermos a maior nação negra fora da África, é como não existimos. Somos todos cidadãos invisíveis. Marcas como Dove, todas as cervejarias, O Boticário, Nestle, Coca Cola, P&G, Unilever, Gilete, Colgate e os maiores anunciantes do Brasil não querem negros em suas peças publicitarias.

Cannes que premia sempre as agencias brasileiras deveriam se envergonhar. Como são alienados e não deveriam merecer tanto respeito. Premiam as agencias mais racistas do planeta. Será que não percebem que nunca, nunca premiaram um filme brasileiro com um negro sequer? E somos, repito, a maior nação negra fora da África. Ao premiaram a propaganda racista das agencias brasileiras, premiam a discriminação, a segregação racial reflexo de 500 anos de escravidão. Esquecem seguramente, que nosso amado Brasil foi a ultima nação do mundo a abolir a escravidão.


Consumimos, somos cidadãos, apenas não nos enxergam. E como somos mal tratados. O APARTHEID SOCIAL, AMBIENTAL, ECONÔMICO E SOCIAL que nos negros brasileiros vivemos, é muito mais desumano e cruel que nos tempos do apartheid na África do Sul. Naquele tempo havia leis segregacionistas lá. Aqui, há leis que punem o racismo. Mas não adianta. Ninguém as aplica. O negro – vitima preferencial do estado brasileiro, com suas milícias e policia miliar orientada a segregar, isolar e matar pessoas de cor – travam uma luta de extermínio. Lutam para evitar o viés populacional – em 100 anos  não haverá brasileiros brancos. Exterminam agora meninos na melhor fase reprodutiva para reduzir o crescimento dos negros.


O mundo esta silenciosos quanto a este extermínio étnico. E nos deve. Empresas multinacionais que nos EUA não segregam, chegam ao Brasil e adotam a politica racial. Gigantes do  comércio como Wal-Mart, Cola Cola, Jeep, Chevrolet e tantas outras, se tornam tão  ou mais racistas que os brasileiros.  A comunidade internacional faz vistas grossas, fingem que não veem. Mas há o prenuncio de guerra civil no Brasil, pretos contra brancos. Agora é o momento da abordagem, é o momento da virada, se quisermos paz na América do Sul.