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sábado, 30 de julho de 2016

Síria no ar



Por que Rússia reequipa a Força Aérea síria?

Dentro em pouco o parque de equipamentos militares sírio será completado com aviões russos modernizados.

© AFP 2016/ Karam Al-Masri

A Força Aérea síria recebeu de fabricantes russos seus primeiros aviões Sukhoi Su-24M2 modernizados capazes de funcionar em quaisquer condições climáticas. De acordo com relatórios da mídia, estes aviões estão previstos para melhorar as capacidades da Força Aérea da Síria na luta contra terrorismo, no entanto, segundo os especialistas, Moscou e Damasco têm seus próprios motivos.

Segundo a edição Al-Masdar News, em complemento dos dois aviões já recebidos, Síria espera mais oito aeronaves no futuro mais próximo. Os aviões, conforme foi dito foram reequipados "para aperfeiçoar suas capacidades e melhorar a eficiência em combate", inclusive aviônica melhorada, com GPS e GLONASS, e uma nova tela HUD (Heads Up Display).

Comentando a notícia, o colunista Anton Mardasov da edição Svobodnaya Pressa escreveu que "à primeira vista, não há nada de incomum nesta notícia: enfraquecidos por anos de guerra, o parque da Força Aérea Síria precisa de reequipamento urgente. Apenas no mês passado, o esforço contra os Islâmicos resultou na perda de dois dos seus aviões".

"E se a lógica por trás desta etapa reside em mais do que apenas o reequipamento da Força Aérea Síria?", perguntou o jornalista. "Quando se coloca esta notícia em todo o contexto do que está acontecendo na Síria, começa ficando a impressão de que o governo russo, com a entrega destes bombardeiros à Síria, está dando um passo bem pensado".

 © REUTERS/ Hosam Katan/File Photo

"Julguem por vocês mesmos", Mardasov sugeriu: "Em 26 de julho, depois de uma reunião com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, falou de progresso nas negociações sobre a Síria. Em particular, [falou] de coordenação nos ataques aéreos contra o Daesh [grupo terrorista proibido na Rússia] e a Frente al-Nusra e simultaneamente o fim dos bombardeios contra insurgentes 'moderados'. No entanto, estes ‘moderados’ não deixaram as linhas de frente e continuam lutando contra Assad e seu exército. Se Moscou está do lado de Damasco, ele tem a obrigação de ajudá-lo a repelir esses ataques. Parece que a pressão de Washington nos tem forçado a nos afastarmos, mas e se isso for apenas uma formalidade?"

O cerne da questão, de acordo com o jornalista, é que pouco importa se é a Força Aeroespacial russa que bombardeia, ou se é a Força Aérea Síria a fazê-lo. "Que diferença tem se é o piloto russo ou o sírio que está no controle do Su-24? O principal é que as bombas caiam sobre os alvos designados".

Solicitado a comentar a entrega dos Su-24M2, o especialista militar Yakov Kedmi, um ex-alto funcionário dos serviços de inteligência israelenses, disse à Svobodnaya Pressa, que a entrega foi planejada há muito tempo.

"Depois que a Rússia se envolveu ativamente no conflito sírio, Moscou, também iniciou, simultaneamente, suas atividades para restaurar as Forças Armadas sírias, em primeiro lugar a Força Aérea síria. Isso inclui a modernização dos Su-24MK". A decisão sobre o número de aviões, de acordo com Kedmi, tem que ver com o número que a Força Aérea síria é atualmente capaz de absorver.

 © Sputnik/ Igor Zarembo

"Naturalmente, uma cooperação mais estreita entre aeronaves e veículos blindados, artilharia e infantaria exige que os pilotos falem a língua local e estejam familiarizados com as táticas das unidades nacionais. [Portanto], como eu entendo, a Rússia vai continuar fornecendo armas novos e modernizadas ao exército sírio. E isso vai continuar, independentemente das negociações com os Estados Unidos", concluiu Kedmi.

Por sua parte, Semyon Bagdasarov, diretor do Centro para o Estudo do Oriente Médio e da Ásia Central, não acredita que as entregas não ajudem a reforçar o potencial do exército sírio, inclusive na sua luta contra os jihadistas "moderados".

Finalmente, por sua parte, Sergei Balmasov, um especialista do Instituto para os Estudos de Médio Oriente em Moscou, destacou que Moscou deve ter cuidado para não ignorar completamente os interesses de Washington na Síria.

"Continua sendo necessário, de uma forma ou de outra, coordenar a nossa atividade com os americanos, de modo a não ultrapassar uma espécie de 'linha vermelha'".

"Além disso", Balmasov observou, "é importante preservar a possibilidade de um diálogo político com os EUA, e o conflito Sírio é um dos poucos tópicos de que podemos falar". Em última análise, observou o analista, lutar contra a chamada oposição moderada Síria "é necessário, mas somos forçados a tentar andar por fora das linhas desenhadas por Washington". Caso contrário, os EUA podem trabalhar ainda mais para intensificar a pressão política e militar sobre Damasco e Moscou.
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segunda-feira, 18 de julho de 2016

Rússia um passo a frente



Nova nave espacial russa estará pronta em 2019
© Foto: NASA/Bill Ingalls
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A espaçonave de transporte tripulada de nova geração vai servir para levar cosmonautas e cargas para a Lua ou estações orbitais.



© AFP 2016/ Kirill Kudryavtsev




O primeiro protótipo da nova nave espacial tripulada, a ser lançada rumo à Estação Espacial Internacional (EEI) e à Lua num novo foguete lançador Angara A5V a partir do cosmódromo de Vostochny, pode ser desenvolvido até 2019, comunicou à RIA Novosti o presidente da corporação espacial Energya, Vladimir Solntsev, durante o Salão Aeroespacial Internacional MAKS 2015.

"Concordámos com os construtores que vamos apressar ou seja reduzir o prazo para desenvolver e produzir o primeiro exemplar desta nave espacial. Apesar do fato que anunciamos 2021 como o data da produção e do primeiro lançamento desta nave, planejamos fazê-lo já em 2019 e acho que conseguiremos fazer isso", destacou Solntsev.

Segundo o presidente de corporação espacial Energya, a nave de transporte tripulada de nova geração que está em elaboração pela corporação vai servir para levar cosmonautas e cargas para a Lua ou estações orbitais.

"A nossa nova nave é de tipo vaivém. Serve pelo menos para 10 voos. Na sua produção são usadas tecnologias modernas, algumas delas não têm análogos na cosmonáutica mundial. Há muitas diferenças entre a nova nave e a Soyuz que utilizamos hoje. Enquanto Soyuz pode levar uma tripulação de 3 pessoas, a nova nave é capaz de transportar a bordo 4 pessoas. Além disso, o volume da cabina da nova nave é de 18 metros cúbicos, enquanto o da Soyuz é de 7 metros cúbicos. A duração de voo autónomo da nova nave pode atingir 30 dias", concluiu Vladimir Solntsev.

O peso da nave em construção durante o voo para a estação orbital é de 14,4 toneladas e, durante o voo para a Lua, é de 19 toneladas. O peso da nave no regresso é de 9 toneladas. O comprimento da nave é de 6,1 metros. Durante voo para a Lua se planeja utilizar o foguete lançador de classe pesada Angara A5V.

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terça-feira, 5 de julho de 2016

Criminosos fingindo-se politicos



Senador francês diz que França precisa denunciar golpe no Brasil


O senador francês Antoine Karam disse em entrevista ao Correio do Brasil que o governo da França precisa tomar uma atitude e denunciar o golpe contra Dilma Rousseff e a democracia brasileira.


Ichiro Guerra/ Dilma 13
Em conversa com a jornalista Marilza de Melo Foucher, Karam, que governou a Guiana Francesa (região de nascimento e a qual representa no Senado) por 18 anos, se disse solidário à presidenta afastada. Para ele, não há dúvidas de que a saída de Dilma foi uma manobra injusta e antidemocrática.





"Este silêncio do governo francês, assim como do conjunto da classe política francesa e não somente da esquerda, é inaceitável. Não podemos esquecer que a França, que se diz o berço dos direitos humanos e símbolo da democracia, não tem direito à indiferença. A França, que tem uma história de luta pelos direitos e que acolheu um grande número de brasileiros exilados, grandes intelectuais como Josué de Castro, Celso Furtado, Milton Santos e até Fernando Henrique, não poderia guardar silêncio diante do que hoje ocorre no Brasil", afirmou o parlamentar socialista durante participação em um colóquio sobre o golpe institucional no Brasil em Paris, organizado pela senadora Laurence Cohen, do Partido Comunista.

"Os políticos e o governo francês teriam por obrigação de explicar à opinião pública francesa a gravidade dessa crise institucional e denunciar com toda firmeza o golpe contra a Presidenta Dilma Rousseff".

De acordo com Karam, a instabilidade que atinge o Brasil afeta diretamente a sua região, uma vez que a Guiana faz fronteira com o território brasileiro e possui um histórico de cooperação bilateral. Lembrando os problemas ocasionados pela ditadura militar de 1964 a 1985, ele destacou que, apesar dos avanços dos últimos anos, a democracia brasileira ainda é jovem e frágil. 

"Ainda existem muitos adeptos dos métodos da ditadura capazes de promover a usurpação do poder. Estes consideram que a democracia não pode acomodar seus negócios, seus interesses particulares. Então eles achincalham os valores democráticos". 

Para o senador, o Brasil é uma potência mundial, e, por esse motivo, ninguém, nem mesmo a França, tem o direito de ficar indiferente ao que se passa no país. Ele acredita que um retorno aos métodos pré-democráticos seria algo inconcebível, com consequências nefastas para o resto do mundo.

Em mensagem aos brasileiros, no fim da entrevista, Antoine Karam ofereceu o seu apoio ao povo na luta pelos valores democráticos, enfatizando a importância da resistência:

"Que o povo brasileiro não renuncie a esta luta pela normalidade institucional e pela volta da Presidenta Dilma Rousseff. Os brasileiros devem rejeitar todos esses politiqueiros que ultrajam os valores democráticos. Esses mesmos que pregaram a luta contra a corrupção somente para elaborar o golpe, tendo em vista que são eles os maiores corruptos que hoje querem eternizar seus privilégios. Vocês souberam resistir a 24 anos de ditadura. Agora, devem resistir ao que aqui denunciamos neste colóquio: o golpe institucional. Estamos com vocês nesta luta!", finalizou o político.

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